sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A Águia de Asas Partidas

Ele possuía muitas riquezas. Tinha as arcas abarrotadas de ouro e gemas preciosas.
A juventude lhe sorria e os amigos sempre se faziam presentes nos banquetes.
Habituara-se a dormir em seu leito de ébano e marfim. Dormir e sonhar.
Em seus sonhos, misturava-se a realidade das tantas vitórias que lhe enriqueciam os dias. E um desejo de paz que ainda não fruía.
Ele amava as corridas de bigas e quadrigas. Recentemente comprara cavalos árabes, fogosos. E escravos o haviam adestrado durante dias.
Tudo apontava para a vitória nas próximas corridas no porto de Cesaréia.
Mas os momentos de tristeza se faziam constantes.
A felicidade não era total. Faltava algo. Ao mesmo tempo, ele temia perder a felicidade que desfrutava.
Por isso, ouvindo falar daquele Homem singular que andava pelas estradas da Galiléia, o procurou.
Bom mestre, que bem devo praticar para alcançar a vida eterna?
Desejava saber. Como desejava. A resposta veio sonora e clara:
Por que me chamas bom? Bom somente o Pai o é. À tua pergunta, respondo: “Cumpre os mandamentos, isto é, não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás teu pai e tua mãe.”
Tudo isso tenho observado em minha mocidade. No entanto, sinto que não me basta. Surdas inquietações me atormentam. Labaredas de ansiedade me consomem. Faltava-me algo!
Então – propõe-lhe a Luz – vende tudo quanto tens, reparte-o entre os pobres. Vem, e segue-Me!
A ordem, a meiguice daquele Homem ecoava em seu Espírito. Ele era uma águia que desejava alcançar as alturas. E o Rabi lhe dizia como utilizar as asas para voar mais alto.
Pela mente em turbilhão do jovem, passam as cenas das glórias que conquistaria. Os amigos confiavam nele.
Tantos esperavam a sua vitória. Israel seria honrada com seu triunfo.
Sim, ele podia renunciar aos bens de família, mas ao tesouro da juventude, às riquezas da vaidade atendida, os caprichos sustentados...?
Seria necessário renunciar a tudo?
A águia desejava voar, mas as asas estavam partidas...
Recorda-se o jovem que os amigos o esperam na cidade, para um banquete previamente agendado. Num estremecimento, se ergue:
Não posso! – murmura. Não posso agora. Perdoa-me.
E afastou-se a passos largos. Subindo a encosta, na curva do caminho, ele se deteve. Olhou para trás. Vacilou ainda uma vez.
A figura do Mestre se desenha na paisagem, aos raios do luar. A Luz parece chamá-lo uma vez mais.
Indecisa, a alma do moço parece um pêndulo oscilante. A águia ainda tenta alçar o vôo. O peso do Mundo a retém no solo.
Ele se decide. Com passos rápidos, quase a correr, desaparece na noite.
Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas narram o episódio e dizem de como o jovem se retirou triste e pesaroso.
Nem poderia ser diferente: fora-lhe dada a oportunidade de se precipitar no oceano do amor e ele preferira as areias vãs do Mundo.
O Divino Amigo nos chama, diariamente, para a conquista do reino de paz.
Alguns ainda somos como o moço rico. Deixamos para mais tarde, presos que ainda estamos a muitas questões e vaidades pessoais.
É bom analisar o que vale mais: a alegria efêmera do Mundo ou a felicidade perene que tanto anelamos. Depois, é só optar.

  do Espírito Amélia Rodrigues/Divaldo P. Franco

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

AS TRÊS INDAGAÇÕES



O aprendiz acercou-se do eremita e indagou:

- Desejo saber qual o momento mais importante da minha vida; a pessoa mais valiosa para mim e a tarefa mais relevante que devo executar? Tu, que és sábio e penetras no futuro do tempo, ajuda-me e esclarece-me.
O homem santo meditou, e considerando a imaturidade do discípulo, respondeu:
- Agora é o momento mais importante da tua existência, pois que aqui estás; a pessoa mais relevante para a tua experiência evolutiva és tu mesmo, porquanto apenas de ti depende o êxito ou o fracasso da tua vida atual; e a realização mais significativa para ti, aqui se expressa no serviço de auto-iluminação através do amor, do estudo e do bem que nunca se devem apartar das tuas horas.
O jovem, que ambicionava um futuro portentoso, um relacionamento social honroso e realizações bombásticas, não pôde ocultar a decepção que se lhe desenhou na face, afastando-se, cabisbaixo, sem dizer palavra alguma.
Não teve a sensatez de entender que agora é o momento eterno; que ele próprio é o construtor da felicidade; e que a obra grandiosa resulta das pequenas contribuições do amor, do conhecimento e do bem.

Eros/Divaldo Pereira Franco

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Somos herdeiros de nós mesmos


“Herdeiro de si mesmo, o Espírito transfere de uma para outra etapa as conquistas e os prejuízos de que se faz possuidor, sendo-lhe impostos os deveres da reabilitação e do refazimento quando erra, tanto quanto do progresso quando se porta com equilíbrio. Mesmo quando sob a ocorrência das provas e expiações, encontra-se em processo de crescimento interior e na busca da meta iluminativa, que é a fatalidade da qual ninguém consegue evadir-se”.
Manoel Philomeno de Miranda


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Realização interior



Enquanto o homem não se convencer de que lhe é necessário conquistar as paisagens íntimas, suas realizações externas deixá-lo-ão em desencanto, sob frustrações que se sucederão, tantas vezes quantas sejam as glórias alcançadas no mundo de fora.

À semelhança de uma semente, na qual dormem incontáveis recursos, que surgem a partir da germinação, cabe ao ser humano desatar os valores que lhe dormem inatos, facultando-se as condições de desenvolvimento, graças às quais logrará sua plenitude.
Muitas vezes, as dificuldades que o desafiam são fatores propiciatórios para o desabrochar dos elementos adormecidos, e para que sua destinação gloriosa seja alcançada.
O homem de bem, que reúne os valores expressivos da honra e da ação edificante, faz-se caracterizar pelo esforço, pelo empenho que desenvolve, realizando o programa essencial da vida que é sua iluminação íntima.
Somente essa identificação com o si profundo facultar-lhe-á a tranqüilidade, meta próxima a ser conseguida. Partindo dela, novas etapas surgirão, convidativas, ensejando o crescimento moral e intelectual proporcionador da felicidade real.
Todas as conquistas externas - moedas, projeção social, objetos raros, moradia, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos - não obstante úteis para a comodidade, a automação e sintonia com o mundo, bem como com a sociedade, não podem acompanhar o ser, quando lhe ocorre a fatalidade biológica da morte.
Cada qual desencarna com os recursos morais e intelectivos que amealhou, liberando-se ou não dos grilhões emocionais que o prendem às quinquilharias a que atribui valor.
Na luta pela aquisição das coisas, as batalhas se tornam renhidas, graças à competição, às angustiantes expectativas das disputas, nas quais o crime assume papel preponderante, com resultados quase sempre funestos.
Na grande transição, tudo aquilo que constituiu motivo de luta insana perde o significado, passando a afligir mais do que antes..
Não te descures da auto-iluminação.
Se buscas a consolidação da estrutura sócio-econômica pessoal e familiar, vai mais longe, e intenta a conquista dos tesouros íntimos.
Exercita as virtudes que possuis em germe, dando-lhes oportunidade de se agigantarem, arrastando outros corações.
Recorda-te, a cada instante, da brevidade do corpo físico e reivindica o treino para a morte, mantendo-te em serenidade, reflexão e ação iluminativa.
Vida interior é conquista possível, e está ao teu alcance. Logra-a, quanto antes, e sentirás a imensa alegria da plenificação.
Joanna de Angelis.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Esforço Pessoal

As grandes conquistas da Humanidade têm começo no esforço pessoal de cada um. Disciplinando-se e vencendo-se a si mesmo, o homem consegue agigantar-se, logrando resultados expressivos e valiosos.
Estas realizações, no entanto, têm início nele próprio.
E possível que não consigas descobrir novas terras, a fim de te tornares célebre. Todavia, poderás desvelar-te interiormente para o bem, fazendo-te elemento precioso no contexto social onde vives.
Certamente, não lograrás solucionar o problema da fome na Terra. Não obstante, poderás atender a algum esfaimado que defrontes, auxiliando a diminuir o problema geral.
Não terás como evitar os fenômenos sísmicos desastrosos que, periodicamente, abalam o planeta. Assim mesmo, dispões de recursos para que a onda de acidentes morais não dizime vidas preciosas ao teu lado.
De fato, não terás como impedir as enfermidades que ceifam as multidões que lhes tombam, inermes, ao contágio avassalador. Apesar disso, tens condições de oferecer as terapias preventivas do otimismo, da coragem e da esperança.
Diante das ameaças de guerra, das lutas e do terrorismo existentes que matam e mutilam milhões de homens, te sentes sem recursos para fazê-los cessar, mudando-lhes o rumo para a paz. Entretanto, a tua conduta pacífica e os teus esforços de amor serão instrumentos para gerar alegria e tranqüilidade onde estejas e entre aqueles com os quais compartes as tuas horas.
A violência urbana e a criminalidade reinantes não serão detidas ao preço dos teus mais sinceros desejos e tentativas honestas. Sem embargo, a tarefa de educação que desempenhes, modesta que seja, influenciará alguém em desalinho, evitando-lhe a queda no abismo da agressividade.
As sucessivas ondas de alienação mental e suicídios, que aparvalham a sociedade, não cessarão de imediato sob a ação da tua vontade. Muito embora, a tua paciência e bondade, a tua palavra de fé e de luz, conseguirão apaziguar aquele que as receba. oferecendo-lhe reajuste e renovação.
Naturalmente, o teu empenho máximo não alterará o rumo das Leis de gravitação universal. Mas, se o desejares, contribuirás para o teu e o equilíbrio do teu próximo, em torno do Sol de Primeira Grandeza que é Jesus.
Os problemas globais merecem respeito. Mas, os individuais, que se somam, produzindo volume, são factíveis de solução.
A inundação resulta da gota de água.
A avalanche se dá ante o deslocamento de pequenas partículas que se desarticulam.
A epidemia surge num vírus que venceu a imunização orgânica.
Desta forma, faze a tua parte, mínima que seja, e o mundo melhorar-se-á.
A sociedade, qual ocorre com o indivíduo. é o resultado de si mesma.
Reajustando-se o homem, melhora-se a comunidade.
E, partindo do teu empenho pessoal, para ser mais feliz, ampliando a área de bem-estar para outros, o mundo se fará mais ditoso e o mal baterá em retirada.
Joanna de Angelis

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Pastor e as Ovelhas


A Providência Divina estende-se a todo o Universo...
É ocupação dos espiritos elevados tutelarem os menos evoluidos em sua trajetória.
Quanto mais o espirito progride, mais se lhe expande a capacidade de amar.
Ninguém se encontra relegado ao desamparo.
Os que galgaram os degraus superiores da escada da evolução sentem-se responsabilizados pelos que caminham na retaguarda.
Nós, os espiritos, nos interligamos e vivemos sob regime de interdependência afetiva.
Cada qual é chamado a ser protetor imediato dos que se lhe posicionam em condição de subalternidade.
Somos elos de uma cadeia que se entrelaçam...
O protetor, por sua vez, faz-se protegido de outrem, e, assim, sucessivamente, até nos remetermos a Deus!
Os seres racionais devem proteger os que se encontram em estágio primitivo - os animais, as plantas, os minerais
O que acontece em qualquer parte, de maneira isolada, repercute no todo, positiva ou negativamente.
A identidade do espirito protetor é de somenos importância...
Embora mantenha a sua individualidade, a tendência do espírito que se eleva é a de despersonalizar-se...Deus é Amor, é Luz!...
O nome não passa de um ponto de fixação para a mente de quem dele ainda necessita...
O Cristo recebeu de seus pais o nome de Jesus, todavia os Profetas, ao anunciarem o seu nascimento, denominaram-no Emmanuel, ´´que quer dizer: Deus conosco``.
Quem se coloca em sintonia com os mais frágeis, para auxiliá-los, entra na faixa vibratória dos que podem protegê-lo.
Toda ação é atitude que reivindica...
Todos estamos sob a proteção específica de Deus e a inespecífica dos espiritos, mas não o contrário, como habitualmente se imagina; o pai protege especificamente cada filho, que é protegido inespecificamente pelos demais familiares...
O Criador é o Protetor em potencial da Criação.
A comunidade espiritual dos mundos superiores interessa-se pela dos orbes inferiores e trabalha pela sua redenção. Por isto, é natural que os espíritos se interessem pelos homens...
Todas as esferas, e seres, e coisas são solidários.
Ninguém atinge culminâncias para permanecer em estado de contemplação ou beatitude.
O pastor não desiste das ovelhas tresmalhadas do rebanho e anseia por reuni-las em um único redil!

Irmão José/Carlos A. Baccelli

domingo, 17 de janeiro de 2010

A Paz

Certa vez, houve um concurso de pintura e o primeiro lugar seria dado ao quadro que melhor representasse a paz. Ficaram, dentre muitos, três finalistas igualmente empatados.
O primeiro retratava uma imensa pastagem, com lindas flores e borboletas que bailavam no ar, acariciadas por uma brisa suave.
O segundo mostrava pássaros a voar sob nuvens brancas como a neve, em meio ao azul anil do céu.
O terceiro mostrava um grande rochedo sendo açoitado pela violência das ondas do mar, em meio a uma tempestade estrondosa e cheia de relâmpagos.
Para surpresa e espanto dos finalistas, o escolhido foi o terceiro quadro, o que retratava a violência das ondas contra o rochedo.
Indignados, os dois pintores que não foram escolhidos questionaram o juiz que deu o voto de desempate:
Como este quadro tão violento pode representar a paz, sr. Juiz?
E o juiz, com uma serenidade muito grande no olhar, disse:
Vocês repararam que, em meio à violência das ondas e à tempestade, há numa das fendas do rochedo, um passarinho com seus filhotes dormindo tranquilamente?
E os pintores sem entender responderam: Sim, mas...
Antes que eles concluíssem a frase, o juiz ponderou:
Caros amigos, a verdadeira paz é aquela que, mesmo nos momentos mais difíceis, nos permite repousar tranquilos.
* * *
Talvez muitas pessoas não consigam entender como pode reinar a paz em meio à tempestade, mas não é tão difícil de entender.
Considerando que a paz é um estado de espírito podemos concluir que, se a consciência está tranquila, tudo à volta pode estar em revolução que conseguiremos manter nossa serenidade.
Fazendo uma comparação com o quadro vencedor, poderíamos dizer que o ninho do pássaro, que repousava serenamente com seus filhotes, representa a nossa consciência.
A consciência é um refúgio seguro, quando nada tem que nos reprove. E também pode acontecer o contrário: tudo à volta pode estar tranquilo e nossa consciência arder em chamas.
A consciência, portanto, é um tribunal implacável, do qual não conseguiremos fugir, porque está em nós.
É ela que nos dará possibilidades de permanecer em harmonia íntima, mesmo que tudo à volta ameace desmoronar, ou acuse sinais de perigo solicitando correção.
Sendo assim, concluiremos que a paz não será implantada por decretos nem por ordens exteriores, mas será conquista individual de cada criatura, portas adentro da sua intimidade.
* * *

Um dia, A paz vestiu-se de Homem e conviveu com a Humanidade sofredora e aflita.
Conservava-Se em paz mesmo diante das situações mais turbulentas e assustadoras.
Agredido, manteve-Se sereno.
Caluniado, exemplificou tranquilidade.
Diante da tempestade no mar, pediu calma.
Pregado na cruz, permaneceu em paz.
Todavia, antes de partir teve ensejo de dizer:
A minha paz vos deixo, como exemplo.
A minha paz vos dou, como modelo a ser copiado.

Momento Espirita.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Porquê dói tanto?

Não há quem caminhe pelas estradas da vida sem que cruze, em algum momento, pelos caminhos da dor. Em um mundo inconstante, onde as certezas são relativas, a dor é processo quase que inevitável.

Algumas vezes, ela vem carregando consigo a separação de quem amamos, pelo fenômeno da morte. Outras vezes é a doença que se instala, no nosso ou no corpo alheio.
Outras ainda, a dor é o revés financeiro, que nos perturba a mente e desfaz alguns planos.
Seja qual for sua origem, a dor vai sempre provocar momentos de reflexão e análise. Ela é o freio que a vida faz em nosso cotidiano, em nossos valores, em nossas manias mesmo, provocando o questionamento das coisas da vida e dos caminhos que percorremos.
Nesse questionamento, alguns optam pelo caminho da revolta. São os que maldizem a Deus, que se veem injustiçados, pois não mereciam tal desdita, que não veem utilidade nenhuma na dor, a não ser o sofrimento pelo sofrimento.
Outros utilizam a dor como aprendizado. São os que entendem os mecanismos de Deus como justos, e Deus como infinitamente amoroso para cada um de nós. Isso porque se Deus é a síntese maior do amor, certamente Seus desígnios são pautados pelo amor.
As perguntas: Por que comigo?, Será que eu mereço isso?, ou Para que tudo isso?, são os anseios de nossa alma a tentar entender as Leis da vida.
É necessário que repensemos qual o papel da dor para cada um de nós. Ela não é simples ferramenta de castigo de Deus, ou ainda, obra do acaso. Um Deus amoroso jamais agiria por acaso, ou castigaria Seus filhos.
Toda dor que nos surge é convite da vida para o progresso, para a reflexão, para a análise de nossos valores e de nosso caminhar.
Sempre que ela surge, traz consigo a oportunidade do aprendizado, que não se faria melhor de outra forma, caso contrário, Deus acharia outros caminhos.
Não que devamos ser apologistas da dor, e buscá-la a todo custo. De forma alguma. Deus nos oferece a inteligência, e os recursos das mais variadas ciências, para diminuir nossas dificuldades e dores.
Assim, para as dores da alma, devemos buscar os recursos da psicologia e da psiquiatria. Para as dificuldades do corpo físico, os recursos clínicos ou cirúrgicos.
Porém, quando todos esses recursos ainda se mostrarem limitados, a dor que nos resta é nosso cadinho de aprendizado. A partir daí, nossa resignação dinâmica perante os desígnios da vida nos ajudará a entender qual recado e qual lição a vida nos está oferecendo.
Quando começarmos a entender que a dor sempre vem acompanhada do aprendizado, começaremos a entender melhor a música da vida, e qual canção ela está nos convidando a aprender a cantar.
Afinal, nada que nos aconteça é obra do acaso. Somos herdeiros de nós mesmos, desde os dias do ontem, e hoje inevitavelmente nos encontramos com nossas heranças.
As carências de hoje é o que ontem desperdiçamos, e as dores que surgem são espinhos que colhemos agora, de um plantio que se fez deliberadamente nos caminhos percorridos.
A dor é mecanismo que a vida nos oferece de crescimento e aprendizado. Porém ela somente será necessária como ferramenta de progresso enquanto o amor não nos convencer e tomar conta do nosso coração.
A partir de então, não mais a dor será visita em nossa intimidade, pois toda ela estará tomada em plenitude pelo amor, que, como bem nos lembra o Apóstolo Pedro, é capaz de cobrir a multidão dos pecados.

Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Uma velha anedota árabe que muito pode ensinar aos impulsivos...



MANEIRA DE DIZER AS COISAS

Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
- Que desgraça, senhor! - exclamou o adivinho. Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente! - gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem acoites. Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.
Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
- Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
- Não é possível ! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem acoites e a você com cem moedas de ouro.
- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer...
Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.
Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma com que ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas. A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta. Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.
A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.
Ademais, será sábio de nossa parte se antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.
E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento.
Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas...

sábado, 2 de janeiro de 2010

O Ciclo da Vida


O ciclo da Vida é um eterno recomeço.
Um constante vir-a-ser.
Infindável ir-e-vir, como as ondas do oceano.
Tudo nasce, cresce, atinge o apogeu, se retrai, morre e... torna a renascer.
A flor em botão sabe que o seu destino é se abrir ao Sol e, em seguida, fenecer.
E, mesmo assim, não recusa a se doar em beleza e perfume à Natureza.
A lagarta não se acomoda ao casulo que a protege, embora perceba os perigos a que estará exposta, ao transfigurar-se em falena.
O pássaro abandona o aconchego do ninho e alça irreversível vôo na amplidão...
Se não se triturasse sob a mó, o trigo não se faria pão farto sobre a mesa.
A morte é um simples estágio, dos mais primários, do ciclo da Vida, que jamais se interrompe.